Bocejo insosso

Há um enorme céu de estrelas
mas elas não impedem os muros
de caírem e chegarem ao chão.
Chão de estrelas, um céu que a gente pisa.
Pisa feito os corações alheios,
as bestialidades quotidianas.
Peço que saiam da minha cabeça,
mas toda lembrança
é aviso do diabo ou a maior das bençãos.
Tudo vai do ponto de vista
e das dores vividas, do caos interno
e dos sorrisos que nos alcançam.
Eu sou, a meu modo, vazio
e esvaziei-me das boas intenções
desde que as más me soaram melhor.
Se hoje sorrio, é pretendendo
uma boa posição, 
um raio solar que me incida mais diretamente.
Boas qualidades são meras metáforas
para as boas maneiras que as ocasiões nos suscitam.
E quem somos nós
para renegarmos as boas atitudes,
os belos corações
e as caras rasgadas de amabilidade,
que insistem em manter-nos de pé?

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