Nada causa tanta desordem ao coração
quanto um homem bonito e um sorriso aberto.
Mata-me de imediato esta combinação
e por um momento esqueço de pensar.
Entra pelas vistas, pelas ventas,
causa desordem ao corpo e vai embora.
O homem vai-se, é verdade,
vai embora com a chuva que chega,
vai embora depois de tirar a roupa
do varal.
Mas o sorriso fica tão íntimo,
tão nosso, que parece desvairar.
Abro os olhos pela manhã
e ele me sorri dizendo bom dia.
A psique já não responde quando,
de besteira, olho para um outro homem,
que anda macho pela rua, e me sorri
o mesmo sorriso que o primeiro.
Ou o segundo. O terceiro.
Que sorriso de homem bonito
tem identidade, mas pouca diversidade.
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