Revolucionário mudo

Todos nós temos o amor das nossas vidas
e somos revolucionários.
Saímos às ruas e gritamos;
chegamos em casa e emudecemos.

Todos temos barba,
roçamos a dita no pescoço de alguém
e vamos pra cama com vontade de meter
a cara no travesseiro até morrer.

Todos sofremos,
caímos, nos sujamos e pouco
nos ajudamos.
Depreciamos a vida alheia,
jogamos merda no ventilador,
mas que voe pra longe, doutor.

Todos cagamos regras,
viramos o jogo, criamos barriga
em frente à televisão.
E quando alguém mexe a bunda da cadeira,
dói de ver; a inveja é tamanha,
que é mais fácil meter pedra
a aderir à campanha.


2 comentários:

  1. Teus poemas são sempre realistas, Marcelo! Sempre o que se sente, o que se pensa, enfim...

    Abraço grande.

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  2. Achei realista, com um toque de ironia,
    Amei!!
    Beijo grande!

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