Lamúrias&certezas

Alguns disseram pelos cantos e aos ventos
que sou triste pela ausência tua,
mas preciso dizer que isso não condiz com a verdade.
Sou triste porque tenho a ausência de mim.
Sou um bocado fora de mim.
Moro fora. Da alma. Do coração.
Consumo todos os  cantos das almas perdidas,
das bocas malditas e do choro
que acumula na nascente do rio que deveria correr,
mas está parado. Porque lá estão os restos
dos eus que construo e jogo fora,
dos seres que inabito e deixo escorrer pelos cantos.
Uma tristeza em mim que nada tem de catártico
como tem para muitos, quando se lamuriam e,
dos queridos, recebem conforto.
Um pouco mais pesado, mais ferrenho.
Adiante, nada vejo com clareza,
mas sei que meu corpo vaga pela escuridão
tentando achar a luz do consciente, do amor,
da sensação de fazer parte de algo,
que agora eu sei não pertencer.

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