Queda

Antes de beijá-lo
eu rezei a deus um mantra
pedindo a ele
que me livrasse da tentação
que era aquela boca,
mas não houve jeito.

Não houve salvação
e feito peregrino
eu desertei da consciência
invadindo sua boca
logo depois da queda.

Quedei os muros do medo,
deixei as armadilhas de lado
e cai na minha própria.

Rezei os mantras do seu corpo
e o sol atrás de você,
feito coroa -
não sei se de espinhos -,
brilhou mais que meu coração
pode suportar.

Então deixei o mundo
e viajei o universo todo,
via láctea foi pouco.
Desembarquei em marte
e voltei pra terra
vasculhando só sua língua;
e patinando no céu
da sua boca.

Que deus me perdoe,
mas você é o tinhoso em pessoa
e o inferno
somos nós dois.

2 comentários:

  1. Marcelo, o bom desses textos "despidos" é que meio que involuntariamente a gente é induzido pelo pensamento.
    E isso faz deles ainda mais intensos.

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  2. Li como música, forró rala-coxa de dançar agarradinho. Estupendo, Marcelo!

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