Existência

Conheço pouco de mim.
Beijo a minha cria como se fosse minha
e transo meu homem
como se aquele homem fosse meu.
Mas nada meu me pertence.
Ilusão que nos fazem crer,
na infância,
para que as regras valham.
Eu sou, somos,
aquilo que devo ser.
Portanto,
fodo com quem devo foder
e a cria minha, me foi designada.
Para um bem maior,
para dores melhores
e uma cena mais bonita.
Orquestra.
Tratam-se de tramas orquestradas.
O homem que me come
é um homem bom - correto
e a cria minha
tem os defeitos que deve ter - correto.
Eu caio, caímos,
no conto do vigário,
daquele moço sedutor
que me promete tanta coisa
que pode - e não irá - acontecer.
Conheço tão pouco de mim
que isso tudo pode ser verdade
e também não.
É a vaidade em alta,
que me ataca a mente.

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