Caminho incerto

Eu vejo as ruas,
E a cidade calada
Me lembra da solidão
De ser alguém que deseja
A alma das pessoas.

O trânsito forte, buzinas,
Muitas delas e incontroláveis,
Mas com a mão no volante
Sinto-me sozinho.
Não vejo os carros,
Os transeuntes são mudos
E vestem máscaras.

Há o calor que embaça o vidro
E a chuva que fode tudo.
A sensação que me encara
É como a morte
Que perscruta o moribundo,
Esperando o último suspiro
A fim de levá-lo consigo;
E deixar o corpo
Que é só resto e esquecimento
A quem gosta do putrefato.

Atravesso a esquina,
Erro o sinal.
O amarelo intermitente me dói a cabeça.
Por que me importar com tantos detalhes?
Por que não viver?
Eu esqueço o caminho que faço.
Volto algumas quadras
Recalculo a rota.
Viro à direita e o caminho já é outro.

O dia é longo.
A febre nossa não acaba nunca.
Acho-me, então, um desastre
E desisto dessa filosofia barata.

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