Enquanto houver tempo

Queria poder voltar atrás
e corrigir os erros que cometi,
dar passos em direção ao correto,
ao certo que prevalece em mim.
Dar com a mão ao destino,
dizer que estou aqui, pronto e indefeso,
certo de que quero,
mas distante das possibilidades
que meus olhos vislumbram.

Queria poder voltar atrás
e repensar a quem me inclinei,
quem me deitei, a quem disse
tantas coisas bonitas, mas inverdades.
Disse de amores a almas perdidas,
a olhos pidões, só para abastecer neles
um pouco de fé.
Refazer meus mandamentos,
segui-los indiscriminadamente
e com vontade, mesmo.

Queria poder voltar atrás
e esquecer que sai de casa 
naquele dia fatídico
em que nos conhecemos perto da praia.
Seria tão bom para nós dois.
Eu teria minha pequena vida
e você teria a sua grande.
Não que hoje não as tenhamos,
mas em meio a elas, 
temos um ao outro como lembrança
de um tempo que não volta mais,
que nos marcou e que,
no fim, não queríamos.

Como não posso voltar atrás
e pedir ao destino, a deus
ao diabo que me carregue,
que tudo seja esquecido,
vou tomando minha pinga
esperando que o esquecimento,
surtido pelo álcool, me acalme os nervos
e embale o coração em manta de mãe,
que sempre cabe mais um
desencontro, desaforo e desamor.

Um comentário:

  1. Já tem um tempo que peguei birra de poesia, ficou brega, ficou rococó, babaquinha, algo meio Teatro Mágico demais. Maaaaaaaaas, vem você e manda uma coisas assim, desarma toda minha má vontade. Tá declarado, você é a exceção. Grandioso, um dia aprendo a versar assim, por enquanto, vou me sustetando com mais um desencontro, mais um desaforo, mais um desamor. As delícias e as desgraças da vida unidas pelo ciclo natural de vida e morte das nossas relações cheias de fome.

    um abraço!

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