Nosso reino e a grande batalha

Não vou permitir que a mente nossa voe tão longe
a ponto de escapar das nossas mãos
e às mentes capciosas enveredar
o que lutamos tanto para que fosse só nosso.

Há uma confiança implícita na nossa troca de olhares
que só pertence a nós e a mais ninguém.
Há um quê de compreensão
no gesto humano e esperançoso,
na conduta amiga e leal pela qual lutamos,
e a convivência nos trouxe o essencial para viver:
tesão.

O tesão de nos querermos bem, de aceitarmos o inevitável,
mas juntos e confiantes.
Não vou permitir que o alheio nos tire dos trilhos,
que a nossa caminhada seja interrompida
miseravelmente por um pequeno turbilhão,
chuva rápida de verão.

Não

Se houve o momento de deitarmos a cabeça no travesseiro
para cedermos aos desejos de nossa carne, meses antes,
há agora o equilíbrio a ser alcançado, 
a nuvem passageira a ser vencida.
Há um tudo que construímos
e o nosso castelo não é à beira-mar.

Que os tijolos mantenham-se em terra firme
e a solidão da alma, com o susto,
vença os obstáculos, história das gerações futuras.
Somos tão intrínsecos, implícitos,
que ao primeiro sinal da tua tormenta
minha árvore quedou toda em folhas de outono
e as tuas ramificações, tão firmes em terras de meu coração,
quiseram mudar-se pr'outro território

Mas tudo que se pode esperar da planta
é que as estações avancem as folhas do calendário e,
junto do calor, das águas e do frio batendo a porta da casa,
venham nos lembrar que tudo que começa tem um fim,
mas que passa por um meio e ainda temos história.

Portões que cercam nosso reino, habemus,
uma multidão lá fora acena.
Que se fodam os maus pressentimentos. Seremos felizes!

Um comentário:

  1. Porra! Tu tens uma fã! E que merda, deu vontade de colar o texto inteiro pra minha ex mas foda-se já exclui ela do meu facebook e de tudo mais.
    Maravilhoso do começo ao fim, meus parabéns.

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