Eu não consigo sentir a felicidade. Simplesmente não
consigo.
É uma coisa que me acomete de vez em quando e que alguns
chamam de felicidade, mas é só alegria. Coisa momentânea, sabe?
Nada que depois de algumas horas não se transforme em ostracismo
e vontade de fazer nada.
Aliás, se tem algo que eu sei fazer é nada.
Deito e fico horas sem nada fazer, parece ruim, mas eu
gosto.
Gosto mas não recomendo, porque fazer nada é perder
tempo, certo?
Eu acho. Acho que a gente perde tempo fazendo tanta coisa
besta. Perdendo peso, malhando, passando maquiagem, tentando impressionar
alguém que a gente vai acabar levando pra cama e que nos verá desarrumados, de
qualquer forma.
Não vale o esforço, não vale ficar se matando.
O que vale é perder tempo com coisa boa, mas nem tudo que
é bom, pode ser bom pra gente, pra mim.
Eu não gosto de tanta coisa que preciso fazer.
Não suporto dieta e detesto festas. Eu gosto de encontrar
meus amigos de forma espontânea, sem precisar me arrumar, vestindo qualquer
roupa que está tudo bem.
Gosto do simples, do fácil, do agradável.
Mas há uma necessidade em sermos extremamente calculados,
já perceberam?
O que se diz é medido por tantos e se você passa um
bocado da linha, já vem alguém lhe metendo a faca. É terrível.
Eu costumo chamá-los de fiscais de cu. Porque são.
Fiscalizam o cu alheio e nem sequer reparam nos próprios cus.
Eu gosto de andar descalço, gosto de comer bastante e não
gosto de me arrumar.
Se me coloco um pouco mais vestido é porque quero chamar
atenção. Então não considero que me arrumei, mas que montei um figurino.
Gosto de ser um Marcelo a cada dia. Qual a graça de não
poder mudar de vontades, de opiniões?
Coisa chata esse melindre que nos cerca de que tudo deve
ser exatamente igual, sempre.
É besteira.
A verdade é que felicidade aqui não existe e não sei se
um dia vai existir. Talvez já exista e eu não consigo mensurá-la. Mas o
propósito do texto é simples: deixar que as coisas aconteçam naturalmente.
Que a gente não precise seguir padrões; que nosso gosto
musical seja menos relevante do que nossa conversa; que as nossas decisões não
sejam tão relevantes quanto nossas vontades; que um beijo signifique um beijo e
não mais do que isso; que a gente se ame.
Que amar é um trem que nos aproxima da felicidade.
É algo que nos consome, que sacia e que, de certa forma,
mata.
Eu não sinto nada aqui dentro.
Um pouco de desgosto, um pouco de medo e um tanto de
confusão.
É uma grande tormenta, mas que vai muito bem, obrigado!
Uau, hein Marcelo? É complicado tá nesse mundo e sermos julgados antes de nos conhecermos. Seguir padrões... Que padrões, não é? O mundo anda tão feio que dá até pena. Esse Marcelo descrito no texto pode estar se achando perdido em meio há tantas regras colocadas, mas o importante é não nos perdermos. Pode parecer que é impossível, mas ainda é possível encontrar a felicidade dentro de nós e nas pessoas que nos cercam - pessoas que querem o nosso bem. Basta a gente se permitir...
ResponderExcluirE que a vida flua, amém! Levezas necessárias.
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