Eu sou, sô!

Eu sou o mundo
sou tudo
e o vento no deserto frio.

Eu sou a banda
sou o que canta
e a voz que arrebenta o surdo.

Sou polêmico
gosto de peito
eu bebo o leite e o que estiver junto.

Eu sou sacana
me mostra a cama
que eu mostro meu corpo cabeludo.

Eu sou uma amostra
sou disposto
a cometer todo altruísmo.

Mas sou um olho
que tudo vê
para tirar proveito da alma alheia.

Eu sou aberto
sou despido
para a mão que me afega e aperta.

Eu sou o pé
que faz o caminho
e entra pela mata vertiginosa.

Eu sou o rancho
sou a palha
sou a mala que cavalga, sou o peão.

Eu sou o amigo
que lhe abraça
para lhe comer no chão, feito cão.

Eu sou um anjo
de asas tortas
destituído por deus e pelo diabo.

Mas sou o indesejado
que bate à porta
para estender a mão e dissipar a dor.

Eu sou o desafio
sou o incômodo
que mora no olho questionador

Eu sou puta
sou viado
não procuro buraco, procuro orgasmo.

Eu sou um arremedo
sou um espaço entre
a massa podre e o que se come

Eu sou um todo 
que se mistura
e se perde, como todo bom final.

Um comentário: