Rolas de verão

Comuns, tiraram o dia para se amarem.
Dia passando, o sol alto, ela arde 
a vontade de beijá-lo. Queima a largada
e volta para o início. Ele, bobo
não entende as tentativas e fala de Kafka,
Nietzsche, o último do Almodóvar,
faz um café e deitam-se na rede.
É um fim de tarde de fotografia
e os dois são duas rolas, brincando,
bicando-se, mas não há encaixe.
Corpos deitados, pernas resvalam-se
e a redoma começa a ser quebrada.
Medo, é o que trava a vontade,
pairam no ar, respiração forte.
Uma dança de cegos é o que sucede
no coração dos dois. Ele tira o cabelo
da testa, que brilha com o suor.
Olhar queima a pele, tira as lembranças
da caixinha do passado. Remexe
o estado de inércia das dores.
Pronto, foi feita a conexão.
Beijaram-se ao pôr-do-sol
e no dia, nada mais aconteceu.

3 comentários: