Minhas paredes
No fim de tudo, a gente é sozinho, sabe?
Olho em volta
Meço os móveis, os quadros,
olhos os gatos deitados na sala
e só recebo resposta
das paredes brancas do meu corredor.
Ecoam vozes, as minhas,
e calam-se.
Mas são vivas, vibram, dizem e embalam.
Converso com as paredes
enquanto leio, trabalho, trepo.
Elas são minhas guardiãs.
À noite, quieto na cama,
ouço,
com certa aflição,
elas conversando sobre o dia que viram.
As paredes, tem olhos, também.
Coram com a reminiscência
e, de brancas, acordam rubras,
como se alguém as tivesse pintado,
com pouco esmero, de vermelho.
Mesmo assim,
me dizem bom dia e traçamos o sábado,
o domingo,
elegemos as prioridades da segunda.
Caminhamos juntos.
No fim de tudo, depois dos anos,
depois da guerra
e das mortes,
depois que a juventude for,
que só restarem as dores da velhice
e a lembrança dos amigos,
ainda assim, me restarão as paredes
e a sua liberdade.
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Que tristinho. Que encanto.
ResponderExcluirE quem quiser te conhecer, que olhe para suas paredes.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLegal,vou olhar as minhas com outros olhos agora!
ResponderExcluirPor favor, Marcelo!!!!
ResponderExcluirAmei..muito bom mesmo.
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